Desemparedamento das infâncias e direito à cidade e ao meio ambiente
O direito à cidade e ao meio ambiente são hoje questões fundamentais na educação e na vida das crianças. Porém, continuamos a assistir à degradação dos espaços públicos, do meio ambiente e à ausência de políticas efetivas de resposta à crise climática. As nossas sociedades remetem, cada vez mais, as crianças para espaços institucionais, onde passam cada vez mais tempo, sendo-lhes negados direitos e possibilidades efetivas de fruírem de espaços naturais e urbanos como fonte de saúde e bem-estar. Contribuem para essa situação fatores como a intensificação e a degradação das condições laborais e o empobrecimento das famílias; as políticas públicas que concebem a criança como capital humano; o tecnicismo que impera nos currículos e na formação de professores. As crianças ficam emparedadas, física, simbólica e politicamente. Emparedadas pelo tempo que passam entre quatro paredes, não experienciam a participação no espaço público e a fruição do meio ambiente; emparedadas por terem de cumprir currículos escolares estandardizados mais orientadas para o consumo do que para o exercício da cidadania. O desemparedamento das infâncias exige, portanto, a libertação das crianças, tendo a investigação, a formação e as pedagogias um papel crucial nesse sentido.